segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Uma idéia

Inspirada pelo filme ‘Nova Iorque Eu te Amo’ decidi dar início ao projeto ‘Brasília, meu amor’. A idéia é reunir um apanhado de imagens, textos, poemas, desenhos, enfim, olhares desta cidade que tanto me deu e se esforça em continuar a me dar... Momentos de todos os tipos e grandes amizades.
Este é meu exercício pessoal de procurar reclamar menos das coisas e das pessoas e enxergar o que há de melhor ao meu redor. Um aprendizado de apreciação.
Em um ano espero ter um belo material que conte um pouco, sob diferentes olhares, a história de Brasília e da minha vida. A idéia é projetar este montante em um espaço público para apreciação coletiva. E quem sabe, com isso, poderei retribuir com uma linda compilação de um pedaço das várias histórias que aqui são escritas.
Todos que desejarem participar estão convidados a me enviar seus olhares. A partir de agora começo a dividir alguns dos meus olhares.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Final da quarta-feira de cinzas


Brasiliários

"Brasília é construída na linha do horizonte. Brasília é artificial. Tão artificial como devia ter sido o mundo quando foi criado.
Se tirassem meu retrato em pé em Brasília, quando revelassem a fotografia só sairia a paisagem. Essa beleza assustadora, esta cidade traçada no ar.
A luz de Brasília me deixou cega. Esqueci os óculos escuros no hotel e fui invadida por uma terrível luz branca. Mas Brasília é vermelha. E é completamente nua. A luz de Brasília leva às vezes ao êxtase e à plenitude total.
Brasília parece uma inauguração.
Todos os dias é inaugurada.
Você me incomoda, ó gélida Brasília, pérola entre os porcos.
Oh apocalíptica.
Brasília é diferente. Brasília convida.
E se me convidam, eu atendo.
Prestem atenção ao que digo: Brasília não vai terminar nunca.
Eu morro e Brasília permanece.
Com nova gente, é claro. Brasília é novinha em folha.
Mas Brasília é esplendor.
Estou assustadíssma."
Trechos de Brasiliários de Clarice Lispector. Crônicas 1962/74.
Retirados de 'Abstrata Brasília Concreta' 2003. W. Hermuche p. 179